Era uma dupla muito engraçada, não tinham casa, não tinham nada.
Ela morava com uma tia, ele vivia com a avó Sofia
Todos diziam que ia dar certo, sempre formaram um casal esperto
Maria Flor era costureira, trabalhava duro a semana inteira
João Matias era trabalhador e fazia tudo por seu amor
Levavam uma vida muito tranqüila, até que um dia naquela esquina
Apareceu um moço estranho, de cabelo preto e olhos castanhos
Tentou levar a bolsa dela, sem piedade, não teve trégua
Ele queria até brigar, mas ela disse “deixa pra lá”
Voltou para casa todo tristonho, que pesadelo, dia medonho
E decidiu que ia mudar e na polícia ia trabalhar
Ia prender cada bandido, deixar o bairro bem mais tranqüilo
E no começo deu tudo certo, o seu bom plano foi um sucesso
Até que um dia naquela esquina, o mesmo moço, que triste sina
Tentou roubar outra mulher, e João Matias não deu colher
Até mandou ele parar, deitar no chão, se desarmar
Mas veja só o que é o destino, de um dos lados veio logo um tiro
E lá estava um homem no chão, não teve chance e nem perdão
A sua família iria chorar, e de certa forma, se aliviar
Antônio Pedro da Salvação, mais conhecido como Pedrão
Queria mesmo ser jogador, ou então sambista, namorador
Mas imagine sua tristeza, comida sempre faltava à mesa
Não teve forças pra resistir, no mundo do crime passou a agir
E a vida então, nem foi tão longa, vida bandida, vida medonha
João Matias apareceu, Antônio Pedro, 19 anos, só faleceu
João Matias, tão bem treinado, atirou logo, foi bem mais rápido
Por muito pouco sobreviveu, puro reflexo, reconheceu
Mas não queria ninguém matar, mas um assalto queria evitar
Voltou pra casa, desconsolado, chorou três noites, estava abalado
Maria Flor então lhe disse: "volte pra feira e não desanime
Nós somos pobres, reconhecemos, mas muitos outros ajudaremos
Foi um acidente aquele dia, não fosse ele, tu que morria
Vamos ser fortes e trabalhar, uma vida toda temos que acertar"
João montou o seu negócio, juntou uma grana, arrumou um sócio
Maria Flor engravidou, nasceram gêmeos e uma nova saga só começou
E agora, então, como fazer? Com as crianças já pra nascer...
Maria Flor, com todo o amor, lhe disse logo, nem bem pensou
“meu bem, certeza, dá tudo certo, pois nós formamos um casal esperto”
=]
domingo, outubro 31, 2010
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11 comentários:
E assim segue o mundo de hoje: polícia, bandido, casais espertos.
São tantas Marias, Joãos e Pedros. Histórias como essa acontece aos montes por ai, mas nós nem nos apercebemos... nos fazemos de alheios.
Amei Rafa
Rafael, adorei a sua crônica.Você escreveu de maneira explendorosa.Quantas marias hein ? estou muito grato de ter deixado um comentário em meu blog. Volte lá sempre.aquele espeço só torna-se elegante quando vc escreve.Sigamos juntos por lá. Deixo aqui o meu abraço,pta vc, do tamanho da Cidade de Fortaleza.
www.josemariacostaescreveu.blogspot.com
Como sempre um otimo texto descrevendo o mundo.
com as suas tristezas e alegrias :)
Como bem disse minha amiga Tamyle, essa história é o reflexo de tantas que acontecem por ai... você a retratou tão bem, de uma forma leve, simples, bonita. Amei Rafael.
Um abraço apertado.
parabens .. como sempre um superando o outro.
Ah eu quero que meu par tambem seja esperto. rs
Mais uma vez vim agradecer por ter comentado em meu blog. quando age assim, aquela página se enobrece. estamos grato e vaidoso, com a sua presença ali.
Um abraço do tamanho do Oceano Atlantico.
grande ayala
crônica rimada. tu é fora de série viu.
sempre mais leve quando venho por aqui.
beijos-abraços, saudades suas.
Oi.
Te respondendo. Pode sim, fique a vontade! Ei, voce é de Fortaleza, ne? *-* Nunca mais fui ai : (
Que texto bom de ler...
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