Traduzindo

segunda-feira, setembro 14, 2020

Não deu

Tanto quis
Tanto insistiu
Em ser poema
Que
Quando o fiz
Não rimamos

sexta-feira, agosto 21, 2020

Tempo perdido

 - Senhor...
- Entende o que eu tô dizendo? Faz sentido? Porque eu tô me sentindo um daqueles pensadores da antiguidade que de repente gritam "eureka!". Deixa eu repetir: não existe tempo perdido, não tem como. A palavra "perdido" passa uma sensação de algo a ser recuperado, encontrado. Uma pessoa perdida pode ser encontrada. Ou se encontrar. Um objeto perdido pode ser encontrado.

Mas o tempo, não, senhor, ele não pode ser perdido porque ele não pode ser encontrado! Quer dizer, o tempo é o agora, nós o estamos vivendo. O tempo futuro ainda será vivido, aproveitado. O tempo passado, ora, já passou. O hoje é o agora, sem parar.

Nunca teremos tempo perdido porque nunca poderemos recuperá-lo. É melhor dizer "tempo gasto", "tempo desperdiçado". Perdido não, perdido nunca. Jamais repetirei isso, não quero passar para alguém a possibilidade de um tempo a ser recuperado, não, senhor.

Se quer um conselho, não sei se quer e mesmo não querendo eu vou dizer: planeje o futuro e aproveite o presente. Aproveite da melhor forma possível. Se houver um chance de se arrepender por não fazer, faça. Ou não faça. Não vou mandar na tua vida, né? Fica o conselho: escolha bem como curtir o seu tempo. Aproveite-o bem, pois não iremos mais recuperá-lo.

- Senhor...
- Não, senhor. Nem adianta insistir. Pra mim, não tem mais essa de tempo perdido.

- Senhor, eu só quero saber se vai ser crédito ou débito. Desculpa ter dito que a máquina ruim faz a gente perder tempo...

sexta-feira, julho 24, 2020

Laranja

Sinal vermelho
Mensagem
E multa

Sua culpa
Tua culpa
Minha culpa
Nossa culpa

Desculpa

Vem cá
Esquece tudo
Só pensa em mim
Sou tua laranja

Renascer em vida

Sim, é possível
renascer em vida
sem precisar morrer
E poucos percebem
as várias chances
de fazer isso

Meu irmão, você sabia
que hoje mesmo eu renasci? 

Lá fora nada mudou
Tanto o mundo
quanto as pessoas 
continuam as mesmas

Mas eu mudei
Tirei forças, não sei de onde 
mas mudei  

E isso, meu irmão
É mais difícil 
do que parece,
mas é mais gratificante
do que te contam.

quinta-feira, abril 16, 2020

Por enquanto, sem cadeiras nas calçadas

Quem conhece nosso estado e os cearenses sabe que somos um povo acolhedor. E gaiato. Tudo vira motivo de riso, de uma “gaitada” bem gostosa. Mas vai além disso.

Adoramos sair só para bater perna, seja no Centro, Centro Fashion ou shoppings, embora seja muito difícil voltar sem ter comprado nada, seja uma casquinha de sorvete ou uma blusinha. Gostamos de dar uma volta pelo Dragão do Mar ou pela pracinha do bairro mesmo. Se tiver alguém vendendo espetinho ou pratinho, poxa, melhor ainda.

Sabemos que muitos fortalezenses não dispensam comer caranguejo às quintas-feiras. Ou mesmo sair para tomar “uma”, que sempre são muitas. Em todo o Ceará, ainda é vivo o costume de colocar as cadeiras nas calçadas e conversar miolo de pote por um bom tempo. Pode ser o tempo do café ser coado ou do cuscuz ficar pronto.

Somos, todos, apaixonados pelo fim de semana. Queremos fazer tudo que é possível. Tomar uma cachaça ou um banho no açude, beber uma cervejinha, fazer um churrasco, visitar a família, sair pra comer, visitar os amigos, ir à missa, tomar um banho de mar, bater um rachinha, ir ao mercado, pedir um galeto com baião, ir ao estádio.

Apesar das dificuldades, somo um povo genuinamente gaiato, da molecagem, alegre. Fazemos piada com tudo. Em Fortaleza, já elegemos um bode vereador e até mesmo vaiamos o sol. Só que, dessa vez, o assunto é sério. Precisamos ficar em casa o máximo possível, lavar bem as mãos e seguir todas as recomendações médicas.

Daqui a uns meses, com certeza, poderemos nos juntar para darmos uma vaia bem grande ao Covid-19. Daqui a uns meses, não hoje.

E voltaremos a bater perna pelas cidades, a colocar as cadeiras nas calçadas e a ir e vir para qualquer lugar desse estado maravilhoso.

segunda-feira, março 09, 2020

Noites frias

Vez por outra alguém aparece por aqui. Inclusive eu. Ainda não descobri a hora de parar. Talvez nunca vá saber :)

Tudo que precisamos
Nessas noites frias
De nós dois
São alguns momentos de risos
E outros tantos de gemidos

Noites frias
Corpos quentes
Corpo e alma
Pegando fogo

Quanto mais frio
Lá fora
Mais quente
Ficamos

Não queimamos
Mas derretemos
Um
No outro

sábado, janeiro 04, 2020

Títulos

Fui campeão mundial
de poemas nunca escritos
Recordista universal
de crônicas invisíveis

O que deixo visível
Às vezes nem tanto
São histórias de amor
E de gentileza