Traduzindo

quarta-feira, dezembro 30, 2009

Rosa Maria

Antes de mais nada, desejo um feliz ano novo para todos.
Tenho certeza que 2010 será um ano muito bom para todos nós!
Muita saúde e paz para todos!
Beijos e abraços!
(esses dias o blogspot estava me dando bastante trabalho, não queria abrir a página de jeito maneira, já estava ficando preocupado...)
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A mulher que um dia se foi, hoje, voltou. Eu quase não acreditei no que meus olhos – tão alegres – estavam vendo. Rosa Maria havia voltado. Depois de alguns anos na serra, em uma cidade bem ao sul do Estado, estudando Direito, enfim, regressou. Rosa era uma fonte de alegria no bairro, além de beleza pura. Em tudo se envolvia: grupos de teatro, coral da igreja, reisados, carnaval, São João e muito mais. Ajudava os mais novos com as lições, os mais velhos com sermões.

Era uma rosa, mas não fugia da briga. Brigava pelo bem de todos, não era de deixar amigo na mão. Adorava música, cantando na igreja e sambando muito nos quintais nos fins de semana. Bebia um pouco, mas não na frente das crianças, “pra não dar mau exemplo”, costumava dizer.

Não dava bola para ninguém, sendo desde mais nova perseguida pelos marmanjos de diversas idades. Não queria saber de namorar, nem mesmo de ficar com ninguém. Diziam as más línguas ter ela um coração de gelo. No entanto, eles não sabiam de tudo, na verdade, de nada sabiam.

Maria era de família humilde e estudou bastante para conseguir uma bolsa e estudar fora da cidade. Ajudava bastante em casa também. Sempre ao ir para o rio lavar algumas roupas para ajudar a mãe, passava em frente lá de casa, assoviando um código-samba, significando “estou indo pro rio, vem comigo?”. E eu começava a assoviar um samba-resposta “estou indo minha Rosa”.

E eu, tal qual jardineiro fiel, ia ver o fim de tarde com Rosa Maria. Ajudava a lavar a roupa e depois subíamos o morro para ver o pôr-do-sol. Quando noite voltava para casa, a mãe sempre perguntava: “Menino, por onde tu andavas?”. E eu respondia: “Fui cuidar da rosa mais bela da cidade”. “E desde quando tu sabes cuidar de planta menino?”. “Acho que eu nasci foi pra isso mãe...”.

Então Rosa apareceu lá por casa. Subimos o morro, conversamos sobre esses anos em que ela esteve fora. Saudades imensas, histórias do pessoal todo, histórias da faculdade, do novo emprego por lá, das aventuras de quando crianças. Na hora de falar sobre nós, ela foi bem direta. “Eu sempre fui louca por você, desde criança, mesmo tendo demonstrado apenas quando éramos adolescentes e nos encontrávamos escondidos.” Meu coração batia muito forte nessa hora. “Mas agora, sou uma mulher casada, devo voltar para meu marido, meu trabalho e para minha casa na serra”.

Foi um choque, sem tamanho. Fiquei sem ar, sem chão. Fiquei sem saber o que falar e tão sem noção do tempo e do espaço que quase não escuto meu filho gritar lá de baixo procurando por mim...
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quinta-feira, dezembro 24, 2009

Delírios

Antes de mais nada, feliz natal pessoal.
Espero que tenham um bom dia.
Beijos e abraços!
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Delírios

-Descobri, estou apaixonado.
-Nossa, conseguiu descobrir sozinho, sem minha ajuda? Ta melhorando, hein?

-Estou apaixonado, estou apaixonado...
-Bem, todo apaixonado é meio abestado, mas assim também é demais...

-É por estar tentando descrever a paixão que eu fico assim...
-Pois não force tanto essa sua cabecinha, outros tantos melhores tentaram e não conseguiram...

-Pois eu vou tentar te contar como estou me sentindo.
-Certo, se você mesmo não conseguir fazer isso, acho que ninguém vai fazer.

-É algo assim, digamos, inexplicável
-É mesmo? Que legal, não é mesmo?

-Eu acho que ela é a mulher da minha vida, vou fazer tudo para estar com ela, seremos felizes para sempre...
-Não se iluda meu rapaz, não se iluda...

-Ah consciência, dá um tempo. Qual a graça de estar nesse mundo se eu nem posso me iludir um pouco? Dá um tempo...
-Só tenha cuidado, eu sei que não adianta, mas estou avisando...

-Mas eu tenho que aproveitar esse sentimento, há tempos queria senti-lo novamente.
-É verdade, você deve ir mais pro lado da emoção mesmo, deixa que eu fico com a razão.

-Você acha que eu estou muito empolgado? Devo me controlar mais?
-E quem sou eu pra te pedir cuidado e não ficar muito nas nuvens?

-Ah, consciência, mas a graça de tudo estar em voar um pouco...
-...
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sábado, dezembro 19, 2009

Careta

- Você por aqui! Não sabia que gostava de festas, sempre foi o mais anti-social.

-Mas que história, eu sempre apareço, não vou para todas porque não tenho condições.

-E eu também acharia estranho se tu não viesse para a festa de formatura da nossa turma, aí seria demais, né?

-Eu não faltaria por nada, gosto demais da turma toda. Com alguns tenho pouco contato, mas tantos outros eu posso chamar de amigos, embora alguns tenham mudado tanto do começo da faculdade para cá...

-Você que não mudou nada, não é mesmo?

-Não é bem assim...

-Oura não é, o mesmo corpo, a mesma cara, não bebe, não fuma, não faz se...

-Opa, vai com calma no discurso aí. Cuidado com o que vai dizer...

-Não faz CErtas coisas, não faz CErtas coisas, fica com essa mentalidade atrasada, continua um careta.

-Só porque eu não encho a cara e nem fico chapado não quer dizer nada demais, é só uma opção...

-Bem, eu nem digo mais nada, vou ali beber mais um pouco e volto já...

-Vá lá, espero que quando voltar ainda lembre do meu nome...

.....
-A festa está boa, hein? Tá todo mundo louco.

-Verdade, o cansaço chegou depois de dançar e pular bastante.

-Pra uma pessoa careta, tu até se diverte, né? Bem, eu acho que a bebida está começando a pegar...

-Ah, você acha é?

-Bom, o ruim é que a festa está acabando, queria um pouco mais de curtição...

-Eita, mas você não cansa não?

-Estou longe de cansar, eu quero é outra festa!

-Bem, a gente podia aproveitar que o pessoal está junto e continuar a festa lá em casa.

-Onde o pessoal está junto?

-Aqui.

-Mas só estamos nós dois nesta mesa.

-Isso mesmo, pra mim já é um ótimo pessoal.

-E o que tem de bom por lá?

-No meu quarto tem a última palavra da indústria do entretenimento.

-E o que é? DVD? Vídeo games? Karaokê? Algum novo jogo de tabuleiro?

-Nada disso. Minha cama.

-E o entretenimento nisso?

-Basta você chegar por lá...

-Para fazer o quê? O que você tem em mente?

-Bom, ou você tem algum problema ou está se esquivando do meu convite pra uma noite bem caliente comigo...

-O que seria uma noite caliente?

-Já ouviu falar em, digamos, sexo?

- O quê? Sexo antes do casamento? Nunca, nem pensar, isso é coisa de doido...

-...
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sexta-feira, dezembro 04, 2009

Minha amiga

-Ela chegou logo dizendo, “Carlos Henrique, precisamos conversar. Ou eu, ou a final do campeonato, e aí?” Então eu disse para ela assim: “Bem, eu estou indo pro estádio, quando esfriar a cabeça você pode me ligar”.

-E ela? Ligou?

-Não, ainda não, mas é porque faz pouco tempo.

-E quanto tempo faz?

-Faz uns cinco meses só, acho que ela deve ligar um dia, nem sei... Brincadeira, isso foi antes da prova de ontem.

-Mas tu não tem jeito mesmo, Carlinhos. É um mané incurável...

-Oura, ela propõe um negócio incoerente desses, agora, espero que ela encontre alguém que a faça feliz...

-E lá vai a quinta do mês, e hoje nem é dia dez ainda, mas tu é safado...

-Poxa, Bruninha, mas tu ta me cortando direto hoje, hein? O que é que tu tem? O que eu te fiz ou te fizeram?

-Nada não, nada não...

-Foi teu ex-namorado? Ele continua te perturbando é?

-Não, aquele mala deu um tempo agora...

-E o que foi então?

-Sei lá, essas tuas histórias, já tão me enchendo ó...

-Poxa, mas tu que sempre me pergunta, tu que sempre puxa o assunto.

-Eu sei, mas agora quando eu perguntar não é pra contar. Estamos entendidos?

-Tudo bem, não conto mais nada.
-Tu anda muito safado, já ta bom de parar com isso e se aquietar, crescer, né? Pode parar de enganar as meninas e se comportar?

-Eita, mas tá atacada hoje, hein? Digo é nada. Quem vê tu falando assim até pensa que é verdade...

-E não é não? To mentindo?

-Não é que esteja mentindo, mas eu não fico enganado ninguém, pois nada prometo. E além disso, eu sempre respeito as meninas, nunca as tratei mal. Não dou em cima de mulheres carentes ou bêbadas, namorando ou recém saídas de um namoro, ainda abaladas com o término (isso, caso saiba), tenho meus princípios!

-Sei, muito bonito o discurso, mas não me engana não...

-Quanta amargura, hein? Tu, por exemplo, assim que te conheci, há mais ou menos dois anos, tu tinha acabado aquele teu outro namoro. E eu te ajudei, te dei meu ombro amigo.

-Bom, mas outro dia tu me contou ter pensado em um algo mais...

-É verdade, pensei mesmo e tu sabe bem disso. No entanto, para preservar nossa iniciante amizade, eu achei melhor não tentar nada, te respeitar...

-E quem disse que o que eu queria era teu respeito?

-...
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