Traduzindo

domingo, agosto 22, 2010

Verde

Antes de mais nada, eu gostaria de agradecer o carinho de todos vocês.
Muito obrigado, de coração.
Fazem um bem danado para mim.
E gostaria de agradecer a Simone Schuck pelo presente lá no cabeçalho, ficou lindão.

Agradeço vocês pelo carinho e paciência, aos mais velhos e aos mais novos aqui pelo blog.

E vamos em frente, tudo do bom e do melhor para todos nós.
Beijos e abraços!
=]

Verde

- O que aconteceu, companheiro? Viu passarinho verde?

- Verde não era as asas, mas os olhos...

- Como assim? Mas tu não tava era trabalhando, em reunião agora há pouco?

- E foi ali mesmo.

- E como foi isso?

- Eu estava na reunião da diretoria sobre o novo projeto de comunicação, a nova identidade visual da empresa, reforçando a marca e a relação dela com o nosso Estado. Então, ela apareceu. Tão branquinha, cabelos castanhos e uns olhos, minha nossa, que olhos verdes!

Tinha de apresentar os novos conceitos da marca e toda a apresentação foi feita com o maior profissionalismo possível. Olhava nos olhos de todos os diretores e me demorava um pouco mais nos dela. Foi apresentada como nova diretora de marketing, recém-chegada do Canadá, onde fez doutorado. Pois bem, quando ela foi fazer a apresentação dela, me olhou e meu corpo todo esquentou mesmo o ar-condicionado congelando até pensamento ali na sala.

Não sei se foi apenas coisa da minha imaginação, mas achei que ela havia me dado um olhar diferenciado, não sei. Ao fim da reunião, o diretor-geral perguntou o que eu achava da nova identidade, queria minha opinião como consumidor, e não como analista. Então, deixei meu coração falar.

“O que eu achei? Linda, lindíssima, não lembro de meus olhos terem avistado algo tão belo nesses trinta anos. Está gravada na minha cabeça e por anos hei de lembrar com ternura e alegria essa minha visão de hoje. Com certeza, e é com toda a certeza mesmo, eu daria tudo por mais um tempo admirando... Hoje eu me senti como um aventureiro, ao deparar com a visão de um paraíso perdido, proibido, pois uma visão como essa é de encher os olhos e o coração, é capaz de elevar o espírito. Como se eu estivesse, enfim, vendo fogo, depois de passar anos na mais densa nevasca, como se estivesse vendo a mais brilhante e aconchegante luz depois de anos na mais densa e fria trevas...”

O meu chefe ficou olhando para mim admirado, e disse: ‘nossa, se nossa nova identidade apaixonar assim todos os outros consumidores...’. Mal sabe ele que não estava falando de marca alguma...

- E ela, deu algum sinal?

- Ela não deu a mínima, fez cara de quem está vendo passar carros e mais carros no meio da rua ou de estar assistindo uma disputa de xadrez entre dois bêbados...

Nisso, ela veio em nosso encontro. Saudou meu amigo e falou com um ar bem sério:
- Gostei da maneira como defendeu a nossa nova marca, foi apaixonante. Gostaria de ter mais profissionais como você. O que acha de uma reunião rápida agora ali no bosque?

E, por conta do ar tão grave dela, feito um juiz informando graves crimes, eu senti que a reunião seria pesada, apesar do ar leve do nosso pequeno bosque, em frente ao restaurante. Até que ela sorriu, e disse num tom tranqüilo e sugestivo:

- E sim, não esqueça de levar com você toda esse sentimento, essa paixão...

- Fique tranqüila. Essa paixão eu levo para todo lugar e só ela faz aumentar...
=]

domingo, agosto 15, 2010

Três anos de viagens!!!

Opa,

Antes de mais nada eu gostaria de dar os parabéns para a Rafaela e para a Gabi.
De coração, felicidades para vocês, cês merecem.

O outro aniversariante da semana é o blog, que dia 13 completou três anos!

Eu gostaria de agradecer pelas palavras carinhosas recebidas e me desculpar pelas ausências, mas eu sempre volto.

Agradecer ao pessoal que vem aqui desde muito tempo, aos que raras vezes vem aqui, aos mais recentes e ao pessoal que tá chegando agora (que dizer, para o pessoal que tá vendo o blog pela primeira vez, se é que tem alguém hehehe).

Pra mim é sempre um prazer escrever e dividir minhas 'viagens' com vocês, de verdade.

Sempre bom ler as ideias e histórias, ver estilos diferentes do meu, invejar (positivamente) alguns escritos, e ir crescendo nesse processo todo.

Eu penso em um dia lançar um livro com algumas crônicas, aí eu pego o enderço dos amigos blogueiros e mando entregar no Brasil todim, Nordeste, Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte (caso tenha algum leitor mesmo em todas essas regiões hehehe).

Fico feliz pela presença de todos.

Espero continuar por muito tempo por aqui nessa troca de escritos e energias que tanto bem faz.

Espero que possam 'viajar' comigo por muito tempo ainda...

Obrigado por tudo,

Beijos e abraços

=]

domingo, agosto 08, 2010

Flechado

Fazia fria e ao mesmo tempo o sol esquentava minhas costas. Estranho? Pode ser, mas verdadeiro. Era uma terça-feira, por volta das 7h30 da manhã. Esperava o coletivo para ir ao trabalho, sem nenhuma expectativa, quando aconteceu. Fui flechado, pelo menos umas três vezes. Como pude ter sido um alvo tão fácil? Quantos outros não foram vítimas também? E eu estava tão bem olhando o vento fazer as folhas secas voarem em círculos formando uma interessante ciranda natural...

No primeiro momento em que ela me ganhou, nada fez. Apenas ficou parada, sentada em um dos bancos de cimento, assim como eu. O cabelo castanho sendo mexido pelo vento, os olhos um pouco puxados e a pele branca feito as nuvens em um sábado bonito. Olhei e no mesmo momento fui flechado, sem chance alguma de escapar.

A segunda flechada não demorou muito. Enquanto ela conversava com uma amiga, tal qual Dom Quixote eu Seu Pança, um simples gesto me fez querer conhecê-la mais do que apenas visualmente. Ajeitou uma mecha do cabelo, colocando-o por trás da orelha. Foi tão automático como abrir os olhos, mas teve uma delicadeza de ourives e um carinho de mãe ao acariciar o filho. Estava ficando perigoso permanecer olhando.

Infelizmente, eu gosto desse tipo de perigo. Se eu não puder mais me apaixonar e quebrar a cara, qual vai ser a graça de ter um coração? A terceira, e mais mortal flechada, me fez querer passar a vida inteira ao lado dela. Sorriu. E quando o fez, quase eu me derretia por inteiro. Tive de segurar meu coração bem forte para o danado não ir lá abraçá-la e beijá-la à força. Coração é isso mesmo, pura emoção.

Nosso transporte chega – nosso mesmo – ela também vai junto. Fica em pé um pouco distante de mim, mas enquanto passo por ela, posso sentir um delicioso e conhecido perfume, o da paixão. Depois disso, o dia acabou e só voltou a ter alguma graça na manhã seguinte. Lá estava ela, foi tudo muito rápido, não tive culpa alguma.

Subimos todos juntos e ela senta ao meu lado. Coisas do meu compadre, o Destino. Sempre tentando me ajudar e me atrapalhar e eu nunca entendendo, sempre confundo. Pois bem, ali ao meu lado, nada fiz para iniciar um contato. Não tive vontade. Havia passado, talvez tivesse sido até paixão mesmo ali na hora, ou, quem sabe, apenas delírio de um pobre escritor e seu coração vagabundo...
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domingo, agosto 01, 2010

Sábado bonito


Sábado amanheceu um dia tão bonito como há tempos não acontecia. Desde a sexta eu acho. Comecei a pensar, ainda meio confuso, nas milhares de opções a serem feita num belo dia como esse. Eu poderia ir visitar um amigo no Interior ou quem sabe uma amiga na beira da praia. Eu poderia alimentar os meus pássaros habitantes das ruas e árvores e donos dos céus.

Eu poderia ir ao fundo do mar buscar a pérola mais preciosa para presentear meu coração. Eu poderia subir aos céus e trazer um pouco das nuvens para costurar um travesseiros pra mim. Eu poderia ir ao passado procurar por momentos esquecidos e ficar no presente imaginando o futuro com um copo de suco na mão e um sonho na outra.

Então eu acordei de verdade e fui escovar os dentes e tomar o café da manhã. Em seguida, o cruel choque com a realidade. O meu guerreiro celular avisa-me: dentista às onze horas. Que crueldade! Como deixei fazerem isso comigo? O jeito foi ir, sem mais dramas.

Sem mais enrolar, saí de casa. O caminho inteiro pôde perceber a minha tristeza ao ir ao dentista. Parecia mais um condenado caminhando para a forca, um jogador indo para o banco de reservas ou um gato depois de um banho forçado.

No caminho, bem perto já, eu vi um sujeito tão forte, com a colada roupa parecendo rasgar a qualquer momento. Um Hércules etíope tão forte e assustador que parecia afundar o chão quando pisava. Ao seu lado, exalando beleza e graça, uma moça tão bela – ainda que bem forte – a fazer Afrodite e a rosas corarem de inveja ao verem tanto deslumbramento em forma de gente. Apesar do monstro ao seu lado inibindo a maioria dos olhares, alguns passantes arriscavam um olhar, tanto que o falso cego mal pode disfarçar uma olhadela, quase se entregando.

O sol brilhava intenso e os pássaros cantavam como se a última cantoria fosse, trânsito não havia e as pessoas estavam todas bem simpáticas. Nesse clima de tanta paz e amor eu decidi encarar o dentista sem medo algum. Á tinha decidido até a minha fala: “olhe, doutor, precisa nem de anestesia não, faz esse canal aí dos dois lados logo que eu preciso sair, o dia me chama lá fora”. Estava decidido.

Então eu entro no consultório e a simpática moça me informa com o sorriso maior do mundo: “Hoje, por conta de problemas técnicos, não teremos atendimento. Tem como o senhor ligar depois para marcar um outro dia?”.
=]