Traduzindo

terça-feira, fevereiro 14, 2012

O flerte

Certa vez, olhando o tempo passar e relembrando cantigas e fatos da infância, comecei a reparar em um casal na esquina. Percebi que eles estavam em um dos momentos mais interessantes de se observar: o flerte. Ah, como é bom presenciar o flerte, a paquera, a conquista. Os gestos, olhares, sorrisos, postura... Enxergo, aí, toda uma magia, graça e poesia.

Existe aquela conquista tímida, uma falta de jeito para falar, de como chegar. Um medo de falar uma besteira e ser mal-interpretado. Mãos suadas, sorrisos tímidos. Aí o flerte parece mais engraçado, principalmente quando são dois tímidos. É preciso, ás vezes, um empurrão do escurinho do cinema para tudo acontecer.

O momento do flerte é quase uma dança, dependendo do casal, claro. Cada um usa o que tem de melhor: olhar penetrante, sorriso hipnótico, rosto inocente, ou libidinoso, caras e bocas que vão se alternando feito um balé nunca antes ensaiado e belíssimo de se ver.

Durante a dança, um movimento pode definir tudo. Uma mão no cabelo, no rosto, na cintura, um cheiro, uma leve puxada para perto... E enquanto uns utilizam cantadas ensaiadas ou pesquisadas na internet, outros adotam as mais diversas táticas. Fazendo graça, ou tipo, vão ganhando terreno a cada palavra, cada movimento, como quem não quer nada, mas querendo tudo.

No meio do flerte, depois de observar durante vários anos e conversar com muitas pessoas, fiz uma descoberta: existe o momento X, batizado por mim e que antecede o provável primeiro beijo. Aqui eu não me refiro aos beijos distribuídos à torto e à direto nessas baladas. Assim não tem graça nenhuma...

O momento X é especial. O olho no olho, coração batendo mais forte, o sorriso que não cabe na boca, cheia de vontade, ou entreaberta, esperando, estudando, leves movimentos com a cabeça em direção ao outro (a)... Eis o momento da criação de um relacionamento. Ou não. Há relatos de pessoas que não sobreviveram a um desses momentos depois de não ganharem um beijo. No entanto, as que conseguiram, nada dizem, apenas sorriem bestamente.

Ás vezes, uma pequena hesitação, faltando poucos milímetros, como quem está se decidindo o melhor jeito, ou se vai ou não, só faz aumentar a vontade. Como é bonito o momento do flerte, ah, como é bonito...

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