Traduzindo

sexta-feira, março 21, 2014

Ao poeta Mário Gomes

Desci do ônibus correndo
Desviando dos elefantes róseos
Vindos de Madagascar
Pulei um rio de pedras
Da largura de um orgulho
E fui veloz feito um caramujo
Queria encontrar o poeta
Antes da morte da tarde
E da inspiração fugir
Pelos dedos dos pés
Desviei de ideias tortas
De ladrões de energia
E de golpistas do amor
Peguei carona com o desapego
Em troca de consideração
Dei de cara com a vergonha
E fingi uma crise de riso
Rolando pelos céus
Enquanto assobiava trovões
Espantando as mazelas ali perto
Atolei o pé numa negatividade
E pedi a força dos fracos
Pra poder me soltar
Respirei fundo
Inspirando o passado
E expirando saudades
Corri feito tempo de prova
Pensando só em chegar
Ao ponto de desencontro
Queria ver o poeta Mário Gomes
Comendo lagartas
E defecando borboletas...

Não consegui

O sol foi embora
A lua não chegou
Nem sinal do poeta
E de suas estripulias
Peguei uns versos do chão
Coloquei no bolso da calça
Queria pagar o trem de volta
E comprar uns sonhos novos
Com o resto do troco
=]
  

PS: Sobre o poeta Mário Gomes: http://mariogomespoeta.blogspot.com.br/

segunda-feira, março 10, 2014

Sambinha pra Dona Fifa

(Tem alguém aí? Voltei, depois de uns meses. Talvez eu fique. Talvez eu pare. Talvez, mas com certeza, ninguém sabe. Beijos e abraços pra quem conseguir ler o post todo)
=]


(Havia pensado nos seguintes títulos: “A marchinha de Carnaval do momento”, “Samba pra Dona Fifi”, ou “Fica, Fifa, vai ter bolo, só pra ti”, mas nenhum deles me convenceu.)

Escutei hoje pela manhã, nesta terça-feira nublada. Eu estava em um dos ônibus mais famosos e menos confortáveis da cidade: o 041 Oliveira Paiva/Parangaba/Papicu, um dos herdeiros do extinto Paranjana.

Quem estava a cantar era um rapaz ou moça, não identifiquei direito por não ter visto bem. E olha que eu estava distante apenas uns dois metros, depois da catraca, numa massa humana composta por umas cinqüenta pessoas. Em pé. Só consegui ouvir a voz. No entanto, antes de cantar, informou:

- A composição não é minha. Escutei ontem à noite do primo do cunhado de um ex-vizinho de um conhecido de uma enteada do rapaz que toda noite pegava um ônibus que passava mais ou menos perto lá de casa. Quer dizer, é gente próxima, de confiança. Se isso chegar aos ouvidos da Dona Fifi e ela tentar me processar, vocês já sabem: não vai dar em nada, nem conheço vocês mesmo e já vou pintar o cabelo e fazer umas plásticas, fiquem avisados. E se perguntarem, digam assim: quem cantou parecia ser da classe média. Então, sugiram prender todos os suspeitos dentro dessa descrição e vai ficar tudo bem com vocês. Eu acho.

A música era mais ou menos assim... Aviso também que ela ficou legal porque parecia cantado por uma pessoa de voz grossa e outra de voz fina. Eu não me garanto muito não, mas vou tentar. E vou parar de enrolar, foi mal, galera. Se estiver baixo, avisem, beleza? Simbora!

Ai, ai, ai, ai, ai, ai
Dona Fifi tá botando pra quebrar
Ai, ai, ai, ai, ai, ai
O AI5 tá chegando pra Copa

Ai, ai, ai, ai, ai
Dona Fifi tá botando pra quebrar
Ai, ai, ai, ai, ai
O AI5 tá voltando pra Copa

Dona Fifi, dona do futebol
Dona do mundo todo
E também de todo mundo
Chegou e alugou o Brasil!
E o povo todo foi pra...

Ai, ai, ai, ai, ai, ai
Dona Fifi tá botando pra quebrar
Ai, ai, ai, ai, ai, ai
O AI5 tá chegando pra Copa

Ê festa boa, paga com meu dinheiro
Ê farra boa, paga com meus impostos
O lucro todo põe na conta da Fifi
E o prejuízo deixa pra gente aqui!

E a comadre, Dona Didi,
Deixou tudo bem claro
Quem não gostar, não tem problema
É só ficar calado!
Se for pras ruas e reclamar
Ela manda os soldados!

E os políticos
Já decidiram:
País perfeito
se faz com estádio novo!

Se não der jeito
Não tem problema!
Quem paga
a conta
é o povo!

E esse ano
tem eleição de novo!

Ai, ai, ai, ai, ai, ai
Dona Fifi tá botando pra quebrar
Ai, ai, ai, ai, ai, ai
O AI5 tá chegando pra Copa

Ai, ai, ai, ai, ai
Dona Fifi tá botando pra quebrar
Ai, ai, ai, ai, ai
O AI5 tá voltando pra Copa...

=]