Traduzindo

quinta-feira, outubro 23, 2008

Cai a chuva

Ontem pela manhã caiu uma chuva como não acontecia há tempos. Era uma chuva carregada de adjetivos e outras coisas mais. Era uma chuva doce como um beijo de mãe/pai no filho antes de dormir. E não dava vontade de sair da cama com aquele tempo. A chuva alisava a janela e escrevia: fique na cama, esqueça o trabalho, os estudos, as obrigações... Era um pedido tentador, mas não podia ser atendido. Era preciso sair de casa, ir para a rua.

E a chuva era tão melancólica ontem que dava pena até dos pingos de água caindo no chão: coitados, devem estar bem machucados agora. Eles caiam tão tristes e decididos, tais quais os kamikazes, certos de sua missão a cumprir. Era preciso sair do céu e descer até onde nós, pobres mortais, estávamos. Era preciso morrer para renascer depois, afinal, esse é o ciclo.

O tempo passando e a chuva continuava, insistente que era. Os carros passavam, as pessoas passavam, até o sono passava, mas a chuva continuava. E ela estava opressora ontem, algumas pessoas não podiam sair de casa por causa dela, ou então estavam presas debaixo de qualquer proteção no meio da rua. Não estavam nada felizes. Eu gostava, mesmo embaçando meus óculos vez por outra, a chuva me trazia uma alegria sem razão, ou com, nem sei.

Era uma chuva saudosista aquela. Caiam em meu ombro alguns pingos e de lá partiam para meu ouvido para me contar história há tempos esquecidas. Para me lembrar momentos alegres, pessoas felizes num dia de chuva. E aquelas pessoas na parada esperando o ônibus, com raiva da chuva, não entendiam porque eu estava com um sorriso estampado no rosto. Estava ouvindo cada história...

Estava eu sentando no ônibus já, olhando pela janela aquela danada da chuva, livre e marota lá fora, quando uma freirinha confidencia um segredo em meu ouvido: É Deus chorando por conta das maldades do homem essa chuva! Olhei como olha um sujeito que é pego em flagrante. Um absurdo isso! Não admitiria jamais essa história. Isso não era um segredo, era uma calúnia! Minha chuva jamais seria isso. Jamais! Se fossem lágrimas, se fossem, não seriam de tristeza, mas de saudade, de uma alegre lembrança. =]

3 comentários:

lorena disse...

nossa, chuva, eita assuntozim polemico, eu dou o maior valor a danada, mas qnd ela pega vc de surpresa qnd vc tem q ir a um lugar, tipo trabalho, faculdade, aí é trsite. e chuva de manhã cedinho, preguiça de levantar.


mas que atire a primeira pedra o sujeito q num tem uma boa historia pra lembrar num dia de chuva, seja procurando biqueiras nas infancia pra tomar banho, é o novo, seja aquele beijo e aquele desejo, seja aquela chuva q leva embora o que tem de ruim, lava tudo msm.

bom d+ uma chuva


=]

p.s: sua assinatura vale mais do que vc pensa

Carla P.S. disse...

Que o saudosismo seja, ainda que melancólico, otimista.
Que a chuva varra tudo que há de impuro na mente do homem, mas deixe o amor como escudo.
Lindo demais isso tudo.
Beijos, boa semana.

Hider disse...

Olá Rafael,
Belíssimo texto, você nos leva a viajar na sua narrativa. A chuva é sem dúvida um ente sagrado, principalmente pra nós. Você descreve o seu dia-a-dia em Fortaleza, seus pontos de vista, isso é, você também está registrando a "Loura Desposada do Sol" nossa Fortaleza. Você desenha o cotidiano, as impressões, os relacionamentos da cidade etc. Você está fazendo muito bem a sua parte. Obrigado pela visita na Página Russana, comentários como o seu nos anima a continuar.
Abraço, Hider.