Traduzindo

terça-feira, setembro 25, 2007

Posso pedir?

Era mais um fim de tarde. Nada planejado para fazer à noite. Acabou a aula antes das seis da tarde (por volta das cinco e meia) e ficou decidido que iríamos todos comer em alguma lanchonete. Como de hábito, foi só me sentar um pouco e começar a pensar em mil coisas, deixando o corpo no lugar e mandando o espírito passear.

O grupo era formado por cinco pessoas, eu e mais quatro. A garçonete chegou, nem reparei direito nela, apenas a escutei falando:
-O que vão querer do nosso cardápio? Querem provar alguma coisa antes de pedir?
Os outros rapidamente estranharam esse comportamento tão educado e diferente dos demais atendentes/garçons. Provar algo? E agora podia fazer isso?

Deixando as dúvidas de lado eles fizeram os pedidos: “Pode preparar quatro sanduíches simples”, disse um respondendo pelos demais. A moça anotou os pedidos, e ficou parada esperando pelo último pedido:
-E você? Vai querer provar o quê?
O que eu quero provar? Nossa, essa pergunta é muito complexa. Acabei pensando em besteira. E pensando alto demais.
-O Amor.

A garçonete ficou parada. Foi aí que eu realmente reparei nela. Ela continuava com os olhos fixos em mim. Rabiscou alguma coisa no papel e saiu. Nesse momento, os outros caras começaram a rir e a comentar. “Eita cara, dando em cima da menina na maior cara de pau”. “E tu não se agüenta né? Quer frescar com todo mundo...”. “Essa foi boa rapaz, tu não tem jeito mesmo”. “E depois eu sou o sem-noção que fica dando essas cantadas bregas”.

E enquanto todos riam – eu ria também sem saber se tinha dito aquilo para brincar ou se tinha dito com alguma seriedade – a garçonete voltou.
-Olha, é o seguinte: Os quatro sanduíches já estão sendo preparados e daqui a uns dez minutos eles estarão prontos.

Todos estavam sérios. Como a moça deu uma pausa para poder falar algo, o sorriso já começava a aparecer no rosto de alguns. E ela completou:
-E quanto a você – disse olhando pra mim com um rosto tranqüilo – o seu pedido não tem no nosso cardápio. [Dito isso os caras começaram a rir baixinho]. Mas se você puder esperar um pouquinho, disse ela com um sorriso, meu expediente termina seis horas. Depois disso a gente sai daqui e eu vou ver o que posso fazer pelo seu pedido...

Todos se entreolharam incrédulos enquanto eu me levantava e saia para esperar e ficar pensando, no meu pedido, e que por vezes pensar alto não é assim tão ruim...

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