Traduzindo

quarta-feira, março 02, 2011

Café com leite

E aê, pessoal, beleza?
Bom, não sei se alguém reparou, mas o marcador da crônica acabou de passar do 100.

Acho que um dia eu comemoro isso, ou talvez não, vai saber.

Acho melhor comemorar logo agora.

Um muito obrigado pra todo mundo que vez por outro vem aqui dar uma espiada nas minhas viagens, que tira uns minutinhos do dia pra viajar junto comigo.

Muito obrigado mesmo.

Esses dias eu tava preocupado, achando que nem tinha mais condições de pensar nessas coisas, olha aí a minha viagem hehehe.

E vamos que vamos.

Beijos e abraços!
=]


Era uma vez uma garota de belos e longos cabelos e grandes, brilhantes e curiosos olhos. Em sua mente, o mundo era sempre diferente: as nuvens, por exemplo, todo dia brincavam de modelagem, um dia, faziam pôneis e dragões medievais, noutro, uma luta de aliens contra o Papai Noel. Sua imaginação não possuía limites e seu interesse em descobrir os segredos do mundo era de um crescimento constante.

A infância foi bastante feliz. Foram brincadeiras com os primos e primas, corridas, brigas, conciliações (porque criança não passa muito tempo “de mal”), banhos no açude e todas as coisas boas que só quem passou por uma cidade interiorana tem a oportunidade de conhecer. Começou a ser chamada por tios e tias de pretinha, por conta da pele morena, cor aguçada pelos prolongados tempos em que ficava brincando debaixo daquele sol de rachar.

Pretinha cresceu, ficou moça. Estudou e se divertiu bastante. Conheceu muitas pessoas, muitos lugares diferentes. Mais parecia uma princesa de conto de fadas, pois só lá tanta beleza poderia existir. Moça, não era “mulherzinha”, valente feito Rosa Palmeirão e romântica como Brigite Jones, alternava tais comportamentos.

Ao garoto branquelo de olhos pequeninos e alegres, com um sorriso maior que o corpo magro, aquilo não fazia a menor diferença. Não a conhecia mesmo. Estava com outras preocupações. Sempre pensou demais, tanto em coisas boas quanto besteiras. Quando viajava de carro, achava que sempre estava sendo seguido pela lua. Gostava de viajar sempre na janela, imaginando-se correndo do lado de fora, pulando os mais diversos obstáculos das calçadas. Hoje, viaja muito, principalmente parado.

Sempre foi muito sonhador e, por vezes, muitas, costumava sonhar acordado. Antes mesmo de algum acontecimento ele já imaginava mil situações e diálogos. Era ansioso por histórias, era ansioso pela vida e seus múltiplos desdobramentos. Não sabia nada disso. Era apenas mais um dentre tantos ansiosos. Ficava nervoso, por conta da grande timidez. Era louco pelo mar, mesmo sem saber nadar. Sempre passava tempos jogando futebol na praia com os irmãos, pai e tios. Voltava mais vermelho que um tomate. De tanto falarem pra ele tomar cuidado com o sol, por ser muito branquinho, esse ficou sendo seu apelido.

Branquinho cresceu, ficou rapaz. Se antes era gordinho e fofo feito uma bola de neve, agora era magro e igualmente branco, mas continuava um fofo, segundo algumas tias. Estudou e se divertiu bastante. Conheceu o delírio, conheceu os loucos e confundiu-se com eles, conheceu os tristes, os animados, os quietos, os danados e confundiu-se com todos eles. A sua cara de bom rapaz sempre o permitiu de tudo. Era feito lobo em pele de cordeiro, embora menos fofo que um cordeiro e menos danado que um lobo. Foi triste e foi feliz em tempos diversos. Era metido a escrever uns versos e fazia pose de alma rebelde, sem essa de se apaixonar apenas por uma mulher.

Branquinho conheceu Pretinha. Os olhos grandes encararam os pequenos. E, juntos, brilharam como fogos de réveillon na praia. Todo o passado dos dois, serviu de base para. As duas histórias, agora, andam de mãos dadas. Eles costumam ser Loucura e Razão, alternando-se nisso. Dessa mistura gostosa nasceram dois garotos e uma garota, todos morenos feito café com leite no final da tarde. E a vida dos dois, embora pudesse passar por momentos azedos, era sempre cada vez mais doce e serena...
=]

12 comentários:

Tamyle Ferraz disse...

Enquanto houver 'a morena' haverá inspiração para mais 100 crônicas...





Beijo Rafa

YslanRodrigues disse...

Trigêmeos? Posso ser padrinho de um!? hehehe

C.M disse...

legal a história das vidas que se cruzam e foram felizes para sempre!...rs Cara parabéns pelo blog. Continue escrevendo que eu continuarei lendo. Gosto de muitos blogs e leio muitos, mas quando eu vejo que tem algo novo no seu eu páro e deixo pra ler depois, depois quando eu já fiz tudo o que tinha pra fazer na net, aí sim eu fecho todas as páginas, se há tempo eu até pego uma xícara de café pra aí sim abrir de novo o: Acordar pra quê? pra ler mais uma de suas crônicas que são bem legais e gostosas de ler. Gostaria de conseguir escrever crônicas como voce meu amigo, mas não sou bom nisso. Super abraço e parabéns mais uma vez.

Juss disse...

Teu blog é o melhor, cara.

Jéssica Trabuco disse...

Doce e serena... é sempre assim que me sinto quando venho aqui.
Seus textos são sempre tão tranquilos e gostosos, me fazem acreditar mesmo no amor e nesses nossos sonhos mirabolantes de mudar o mundo.
Muito bom :)

Carla P.S. disse...

Me deu vontade de comer casadinho com café agora...Porque também sou afeiçoada a cores e gostos.

Quanto ao Caio F.A. , diria que as pessoas o evitam porque, se você tiver tendência a melancolia ou ao suicídio, isso pode se exacerbar. Como todas as coisas perigosas é deliciosamente real, e eu recomendo.

Um expresso forte!

Josi Puchalski disse...

Que de delícia esse texto!!!
Vamos em busca das 1000 crônicas? Estarei aqui para ler!

Um grande beijo e obrigada pelo carinho e presença...sempre bem vinda!

Rafael disse...

"Conheceu o delírio, conheceu os loucos e confundiu-se com eles, conheceu os tristes, os animados, os quietos, os danados e confundiu-se com todos eles." belo trecho esse

Rafa,parabésn pelo texto,ficou incrível meu caro

abraço

lorena disse...

eu amei esse texto. é de uma pureza e vivacidade que só o cronista rafael ayala é capaz de retratar...


meu cronista favorito.

=]

Katherine disse...

Sabe eu pela primeira vez li seus covmentários são muitos num é mesmo.. quanta gente lendo o que vc escreve.. eu sou ao contrário tenho vergonha de que leiam o que escrevo que tenho poucas pessoas me seguindo.. ou talvez eu não escreva tão bem ou tão interessante assim, quem sabe um dia num é mesmo rsrs.. pois bem teve uma em específico que eu desconfio ter mencionado Caio Fernando Abreu.. um autor que estimo muito por ter tido uma vida muito arraigada e muito vivida.. digo isso mesmo uma vida muito vivida, de sabores com sons em suas escritas assim como vc.. e posso até abusar um pouco em dizer como eu também. gosto muito de mostrar essa importância que é trazer a pessoa pra juno de vc, junto das suas palavras.. do que escrevemos. Por tantas vezes também fiquei sem escrever, e pensava cade meus devaneios, onde eles foram parar? Com certeza so pararemos de escrever quando pararmos de saborear o que é bom, mas mesmo assim desconfio que continuaremos.

Desesjo a você mais 100 posts com sons, gostos e cheiros..

Beijos
Desejo

Gisa Carvalho disse...

Ai, como é bom passar por aqui... E como é linda uma história assim.. ;)

Raphael Martins disse...

Adorei o blog. Parabéns, bem legal, to seguindo a partir de hoje!!