Traduzindo

segunda-feira, abril 27, 2009

Você me ama?

Bom, depois do record do mÊs passado, esse mês o negócio tá meio parado né?
Peço desculpas, semanas um pouco pesadas e a preguiça tá sempre com uma mão no meu ombro, sussurando em meu ouvido, se insinuando...heehehhe

Hoje eu peguei uma chuva muito boa, deu até vontade de escrever sobre isso. Somente eu na rua, as poças d'água, folhas secas pelo chão, rosas copo-de-leite amarelas( eu inventei isso, sei nem se existe esse nome)... Deu vontade de sair correndo de novo na chuva, de gritar ieiiiii! urruuuu!! Mas não, dessa vez eu fiquei só curtindo a chuva mesmo, andando no meio da rua...

E ontem rolou um passeio muito bom demais aqui, com uma bike, com uns bons amigos, vi muita cidade por uma nova ótica. Me senti um turista em minha cidade, e o fato das pessoas ficarem olhando pra vocÊ como se vocÊ fosse um estranho ajuda ehehhe. E fiz um visita muito ótima, que deve ter outras vezes.

E agora, sem enrolação, lá vai o texto. Espero que gostem. É um pouco longo, só um pouco. E se tudo der certo, não tardo a voltar!
Bjos e abraços!
=]

Chegou cansado em casa, o novo trabalho (nova empresa, novos colegas, novo chefe) não estava sendo fácil. Pegava uma carona e um ônibus para chegar em casa agora. Estava mais pesado, mas era isso mesmo, sabia da necessidade de ganhar um pouco mais pra poder realizar alguns sonhos que somente o dinheiro pode realizar, sonhos materiais. Dos outros ele mesmo cuidava com o decorrer do tempo.

Nem bem tinha jantado, ou sequer conversado direito com os irmãos, pai e mãe, foi somente o tempo de tirar a gravata sufocante e os sapatos daquela marca conhecida, a eununcameacostumo e o telefone tocou.

- Alô? Boa noite.
- Alô. Amor, sou eu. Ando me sentindo um pouco triste, me sentindo sozinha esses dias e queria conversar contigo.
- Tudo bem.

Sempre conversavam por telefone durante a semana. E nos fins de semana se encontravam e combinavam de fazer alguma coisa ou então de não fazer nada, juntos. Sair ou ficar na casa de um dos dois, sempre haveria algo para se fazer e para não se fazer. Podia ser um show, um cinema, uma praia, um teatro, uma exposição, visitar amigos, ir ao shopping, museu, zoológico, biblioteca... Não se cansavam dos programas e de inventar novas coisas para fazer.

E nos dias de ficar na casa de um dos dois não faltavam opções também. Filmes, livros, revistas, conversas, carinhos, uma rede... E o fim de semana era intenso para compensar a semana longe um do outro. E já ia fazer sete anos que estavam juntos. Começaram no colegial e até hoje estão firmes e fortes. Ele trabalhando, já formado, e ela estudando e estagiando.

Superaram muitas crises, fizeram muitas coisas juntas, passaram pelas mais diversas situações e se gostam cada vez mais. Se entendem como nenhum outro casal. Brigam vez por outra, discordam, para não ser perfeito. Ele gosta de reggae e brega, ela gosta de samba, eletrônica e mpb. Eles gostam de tudo, mas às vezes esquecem isso só para discordar mesmo. Vão vivendo, um dia de cada vez, e fazendo planos para os outros.

Voltemos para a ligação. Ele está tão cansado e ela hoje nem para perguntar como foi o dia dele, se está tudo bem...

- Amor...
- Pode dizer, estou escutando...
- Você me ama?

...

Um choque.
- Engraçado você perguntar isso... Estava pensando em nossas aventuras outro dia... Lembro daquele reggae na beira do mar, o céu mais estrelado de toda a minha vida, a maresia, nossos amigos, faltou só a fogueira, mas isso é detalhe. O caminhar pela praia ao teu lado, carinho, amor só pra nós dois...

Lembro daquela rave que nós fomos, que eu não suportava de jeito nenhum, mas estava lá por tua causa, porque tua queria ir e que eu fosse contigo. E eu ainda agüentei as quatro primeiras horas, mas não agüentes as outras oito...

Lembro daquelas brigas com teu pai, por ele não torcer o mesmo time que o meu, por não gostar do meu topete sem gel, por não gostar do Chico e preferir o Caetano. Ainda por eu não saber quem é Carlos Gardel, não saber a escalação do Brasil de 1982, não saber decorado o soneto de fidelidade (Nem isso! É um inútil!). Por eu usar uma camisa do Bob Marley. E ainda por dizer pra ele que até largava o futebol por causa da filha dele. (Rá! Duvido!!). Ainda bem que até hoje não precisei provar e ele hoje em dia me respeita e até me chama pro futebolzim dele. Além de me contar piadas engraçadíssimas, histórias de pescador e me mostrar os versos que fez quando novo...

Lembro das brigas com tua mãe por eu não gostar de comida francesa, preferir a italiana, a brasileira (arroz e feijão) e por gostar dos fast-foods. Por achar que homem não precisa saber de tudo, ser mecânico, carpinteiro, engenheiro... Lembro de quando elogiou meu lado romântico ao te entregar aqueles versos. E lembro mais ainda do olhar dela quando eu chegava pra namorar contigo quando teu pai não tava em casa. Era um olhar dizendo “vai meu filho, ser feliz e fazer minha filha feliz...”.

Lembrei de tanta coisa dia desses e só pela simples lembrança comecei a rir de um jeito tão gostoso que meu irmão mesmo sem saber a razão de tanta graça começou a rir comigo...

Lembro de ter cavalgado nuvens, contado estrelas, moldado o fogo, parado o vento, lutado contra a gravidade e contra todas as leis da física e dos homens e dos deuses, contra os profetas do fim, contra o que quer que fosse preciso só pra estar ao teu lado e te dar meu amor.

E agora ainda vem perguntar se eu te amo? Preciso dizer mesmo? Eu te amo!! Desse amor que cresce a cada dia, saudável e sem prazo de validade. Desse jeito assim exagerado de te querer cada vez mais e não medir esforços pra te fazer feliz!

- Amor, ta me ouvindo? Me faz um favor? Repete aí que o telefone aqui de casa tinha ficado mudo...

=]

10 comentários:

Airtiane disse...

Pelo visto não foi só o telefone que ficou mudo...

Mas vou tentar assim mesmo...

É que eu nunca tinha sentido tão forte a presença de um autor em sua obra...
Mas amor é assim mesmo, tem dessas coisas...

Você sempre me surpreendendo né =]

Parabéns e...

Boa Sorte!!!

Bjão ;D

PS: Seus textos são sempre ótimos, os desfechos então, nem se fala. Mas não poderia deixar de destacar os ápices né. Muito lindo! [como sempre]

"Lembro de ter cavalgado nuvens, contado estrelas, moldado o fogo, parado o vento, lutado contra a gravidade e contra todas as leis da física e dos homens e dos deuses, contra os profetas do fim, contra o que quer que fosse preciso só pra estar ao teu lado e te dar meu amor."

Bjão

Saudades...

marinaCqm disse...

Um coringa no "sogro implicante",
outro na sogrinha que só queria a felicidade da filha. Um coringa moldando o fogo e lutando contra o que fosse preciso por amor. E mais um, ao final, que, como de costume, sempre termina com chave de ouro.

* Mas, fiquei com pena... não só dele, mas dela que perdeu de ouvir tantas coisas lindas... (hehe)

Adorei! Acho que, inconscientemente, você já sabia que eu iria adorar. =]

Beijo!

Ps.: Parabéns por isso tudo (não só pelos textos, mas, também, pelos sorrisos que me costumam arrancar).


=*

Simone disse...

Que lindo!!!! É, é mesmo assim que acontece. Mas na maioria das vezes não é o telefone que fica mudo, na maioria das vezes a boca diz aquelas frases clássicas (que besteira! é lógico que sim!)...

Já que ele ama mesmo, vai repetir tudo, né? Haha... Beijao!

lorena disse...

rafael ayala. tudo que eu disser depois deste texto vai parecer inutil. hehe, obrigada por escrever assim, por ser assim, arrancas sorrisos, faz o nosso fim de dia mais feliz, deixa a gente leve. te adoro cada dia mais, mesmo longe, sem papos e trocas de e-mail. rsrs

e o texto, ai ai, coitada dela, perdeu a declaração mais bela de todas e ainda consegue ter duvidas do sentimento do moço. ah ingrata.

beijos-abraços moço

=]

Carla P.S. disse...

Haha...
Espero que ela ouça tudo, de novo, porque iria adorar saber.
Um café pra ti, nesse começo de feriado... (Já posso tomar, sim..) hehe

Juss disse...

A cada texto seu que leio, confirmo a tese de que você se daria muito bem escrevendo livros.
Ah, cara! Tu é muito bom nisso que ce faz, viu. A leveza e consistência dos teus trabalhos são incríveis!
E pra terminar, se eu fosse o cara do texto ae, eu repetiria 10, 100 vezes se preciso fosse. Nem que, por osmose, ela absorviria isso. '-'
Brincadeeeira! Se valesse a pena, é mais do que justo repetir coisas bonitas. Dizer que amamos quem a gente realmente gosta é de fundamental importância. E faz um bem danado, né!
Abração, rapaz!
Ce escreve bem demais, não custa nada lembrar.
=]

Joel Neto disse...

Rafael, gostei demais da tua maneira de escrever e por isso ponho a sua disposição o meu blog para você postar quando quiser e criar links para o teu.
Felicidade e parabens.

Marcelo Victor de Souza Gomes disse...

Meu irmão ... (sem palavras)

olhos aqui marejados... rsrs

até gosto da vida que levo, algumas conquistas interessantes e tal, tenho algumas coisas que permanecem, que duram, que sobrevivem ao tempo e tudo, mas, esse tipo de acompanhamento, uma pessoa que testemunhou cada situação de pertinho, essa coisa cúmplice, pô isso é difícil, raro, daí o valor da coisa toda. Acho que certa inveja me tomou o peito agora... rsrs
Tudo bem, "when everything is made to be broken" (de Iris - Goo Goo Dols), uma história dessas nos parece um não-lugar, inalcançável por definição.

Grande abraço mah, achei o cara d história parecido contigo, e torço pra que você realize isso que pra mim é utópico, mas que pra você é bem possível (e encaixa no teu contexto).

flw =]

LucasMG disse...

graaaaaande rafa

karlinha 1000%eu! disse...
Este comentário foi removido pelo autor.