Traduzindo

terça-feira, setembro 02, 2008

Eu, ela, o vento e vestido dela...

Mais uma tarde quente. Nada fora do normal. Debaixo de um ponto esperando o ônibus passar. E ele demorava, como sempre. O jeito era matar o tempo olhando as pessoas passando, os carros passando, o vento agitando as folhas das árvores. Pintaram aquele muro? Aquele cartaz tava ali já? Ledo engano, o mesmo muro de sempre.

Do outro lado da rua, um ponto de ônibus intermunicipal. Pessoas com bolsas grandes de viagens, mochilas e sacolas diversas. Como sempre ocorria naquele horário. Mas dessa vez havia algo diferente. Um casal escorado em um poste. A bela e a fera.

Ele era mais um desses monstros feitos em série nas academias. Boné, cordão de prata, bermuda e tênis, além, é claro, da cara de poucos amigos. Ela, uma beleza, cabelo solto e um vestido curto, leve, arteiro...

Enquanto ele parecia um pitbull protegendo um osso, ela parecia uma princesa no alto da torre, não estava nem um pouco preocupada com nada. Ele olhava pra ver ser o ônibus chegava, ela se importava mais com quem passava na rua. E então começou uma brincadeira interessante entre quatro elementos: eu, do outro lado da rua; ela; o vestido dela e o vento. Ah vento safado...

O vento passava assobiando e levantando o vestindo, alisando-lhe as pernas. Bonitas pernas, de longe eu reparei. E ela, que num momento inicial parecia aborrecida com as investidas do vento, começou a gostar. Percebeu o meu olhar de gato sem dono do outro lado da rua. Eu até tentava disfarçar no começo, desviando o olhar quando ela me encarava. Mas depois desisti, a brincadeira estava interessante demais.

E era o vestido sendo levantado pelo vento e ela faceiramente o impedindo de voar completamente, deixando bechas, abrindo um sorriso enquanto fazia isso. Era um sorriso do lado de lá e outro do lado de cá. Enquanto isso o monstro de coleira nem fazia idéia de nossa brincadeira. Durou um bom tempo isso. Até ele perceber. E começar a olhar para todos os lados procurando algum engraçadinho olhando para sua mulher. Enquanto ele procurava, eu subia no ônibus levando embora uma gostosa lembrança...
=]

4 comentários:

lorena disse...

menino, q texto mais malino. li e veio um sorriso no rosto acompanhado de um pensamento: como esse rafael é gaiato. hehe

otimo texto como sempre são ótimas suas prosas.

p.s: odeio pitbulls de academia.

=]

Livia Queiroz disse...

eeeeeeeh e ainda bem que o ônibus chegou na hora certa, né?

Adorei!!!
rsrsrrs

P.S.: Qual era mesmo a cor do vestido??? kkkkkkkkkkk

Camila Chaves disse...

huahuahuahuahuahuahuahuahuahuahua

meu deus! cheguei à conclusão de que foram dois os motivos que me fizeram demorar tanto tempo pra vir aqui:

a falta de tempo;
o não saber do quanto era bom.

texto simples, que prende e surpreende.

adorei o:

"E então começou uma brincadeira interessante entre quatro elementos: eu, do outro lado da rua; ela; o vestido dela e o vento. [com ênfase para] Ah vento safado..."

hauhauahuahuhuhuahuahuahuahahuahua

beijos, rafael (=

Diego Medeiros disse...

Há dois matreiros nessa estória: os olhos que apertam pálpebras buscando uma melhor visualização e o vento cúmplice de bela Fortaleza. Os dois, entranhados, é um.

Abraços grande Rafael!