Traduzindo

domingo, julho 25, 2010

Mulher casada

Ai, senhora, por que faz isso? Como pode fazer isso comigo? Não sabe que eu sou um fraco?

Não foi culpa minha, mais uma vez. Fui comprar o pão, despreocupadamente, como sempre o faço, e ela apareceu. Eu estava indo, ela estava voltando. Na mão direita segurava um saco de pão, e, com a mão esquerda, segurava a mão da pequena criança. O sol e as nuvens brincavam de aquarela no céu. Os pássaros livres brincavam de duelo musical. O fim de tarde dava o tom. Não pude evitar.

Senhora, que culpa eu tenho se meus olhos procuram os teus? Procuram teu corpo, tuas coxas, teu rosto. Por que se veste assim? Faz-me um favor, procura uma feia armadura de metal para impedir os meus olhares! Embora ela ainda não impeça meus pensamentos, já seria uma melhora considerável.

E ainda insistes em aparecer sempre no mesmo horário que eu, por quê? Qual a razão de tanta maldade? Se ao menos fosse divorciada ou viúva, mas não, não ouso pensar em situações negativas para a sua pessoa. Mas responda-me, eu tenho alguma parcela de culpa nessa história toda?

Não, não sou um tarado por mulheres com filhos ou por “coroas”, se bem que nem aparenta ser uma velha, aposto que menos de trinta anos tens. A tua beleza madura, a tua postura, o teu sorriso para a tua criança, tudo me atrai e não consigo deixar de ser atraído pelo conjunto da obra. Sofro. Como um beija-flor impedido de dar seus beijos e sugar precioso néctar... Sei que devo me contentar com tal amor platônico, mas meu coração, danado, não se contenta com tal situação.

Dia desses, fechei meus olhos e te encontrei. Fui rascunhar uns quadros e tu apareceu. Tentei versar e tu roubaste o lugar da Musa. Se eu te persigo em vida, por qual razão persegue-me em meu mundo à parte? Deixe-me quieto por lá e tentarei deixar-te quieta por aqui. Prometo tentar, sucesso em tal empreitada é uma outra história.

Eu sei, tu também não tens culpa, quem é que tem então? A natureza, claro, pois ela me fez homem e te fez mulher, uma encantadora e linda mulher, arrebatadora de corações. Sorte mesmo tem o teu marido. Muita. Não digo que tenho azar, pois só te ver já é sinal da mais pura sorte. Alegra o meu dia, embora não saiba.

Eu sigo minha sina então. Sofrer, pois se não sofresse agora, não saberia aproveitar o doce sabor da próxima conquista. Eu, conquistador de corações inocentes e não tão inocentes assim. A minha dúvida é: quando eu me casar, ficarão “abutres” e “gaviões” a olhar para a minha mulher? Por mulher casada não se pode ter desejo. Ficar olhando também não, contemplar, tudo bem, até pode. Não mais do que isso, ainda mais tratando-se da minha digníssima mulher...
=]

5 comentários:

Tamyle Ferraz disse...

"Por que se veste assim? "

como assim? Oo

nunca conheci quem fosse bem vestido à padaria. Sempre vejo aquelas mulheres despenteadas, com chinelo de dedo, blusa desbotada...

é,tirando esse detalhe, espero que sejam confusões apenas do teu eu lírico, porque, Rafa, mulher casada é roubada...!

bjocas

Jéssica Trabuco disse...

oww... que foufo!
mas eh neh? Pimenta no copo dos outros é refresco.. huaha pra sua digníssima ngm vai pder olhar neh?
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Amo seus textos!

Anônimo disse...

... e é sempre assim, olhar mulher dos outros pÓOOde. Ja a dele, é sagradaaa!! rsrsrs

ai ai... rs

Adorei o texto, parabéns!!

Abraço =)

Gisa Carvalho disse...

Cuidado com as senhoras dos outros..

Simone disse...

Não concordo! Mas enfim...

Ninguém tem culpa e algumas belezas só se realizam como tal longe de nossas mãos...