Traduzindo

quarta-feira, outubro 26, 2011

Pequeno diálogo sobre o Enem

- Isso não é justo! Não é nem um pouco justo!
- Rapaz, deixar de reclamar e vai procurar a tua sala!

- Eu não consigo me conformar com um negócio desses! Isso tudo é uma grande farsa! Essa prova não prova nada, entende? Não prova nada! Onde já se viu um negócio desses? Pra entrar na Universidade eu preciso fazer prova e provar conhecimentos que profissional nenhum do mundo possui, mas pra ser Presidente do País eu não preciso saber de nada! Isso não é justo!
- Deixa de ser exagerado rapaz!

- Desde quando essa prova representa o quanto nós aprendemos?
- Olha, já está quase na hora...

- Poxa, fala sério! Diz pra mim qual é o dentista que precisa ser bom em História ou Geografia pra tratar dos dentes? Qual contador precisa ser fera em Biologia pra me ajudar na declaração do Imposto de Renda? De que adianta saber sobre os aparelhos sexuais das minhocas, se eu vou trabalhar com arquitetura? E me diz também...
- Meu amigo, deixa de ser revoltado. Eu já entendi...

- É tudo mentira! É uma prova de mentira, uma democracia de mentira... Nós somos enganados o tempo todo! Quem me garante que não vazaram o tema da redação para os filhos dos endinheirados do nosso belo Ordem e Progresso?
- Bom, aí ninguém pode garantir nada...

- Eu quero saber por qual razão não podemos mudar isso tudo? Nós seremos passíveis assim a vida toda?
- Bom, você tem certa razão aí...

- Eu não me conformo em ter que saber coisas que não serão úteis nem na minha profissão, nem na minha vida, nem mesmo servirá para contar aos netinhos!
- Olha, lá está a nossa sala. Anda, vamos entrar...

- Será que ninguém vai fazer nada?
- Vai sim. Nós, por exemplo, vamos fazer a prova agora.

- Será que ninguém vai fazer coro comigo contra toda essa manipulação?
- Rapaz, deixa de grito. Pode aparecer alguém e não te deixar fazer a prova...

- Será que... Opa, espera aí! Será que tem bafômetro antes da prova?
- Meus Deus! Mas será possível? Você ficou louco? Bebeu antes de vir fazer a prova?

- Ah, sabe como é que é, né? Hoje tem Línguas... E todo mundo sabe que meu inglês flui melhor depois de algumas doses...
- ...
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domingo, outubro 16, 2011

Descrição

Quem me conhece sabe o que eu sou capaz de fazer pelos meus amigos. Um exemplo disso é a situação atual. Estou no aeroporto esperando por uma pessoa que eu não conheço para entregar papéis que eu não possuo. Faço este favor ao meu amigo-irmão Saulo Rocha. Ele precisa entregar alguns documentos para oficializar a matrícula em um dos semestres do Mestrado. Uma pessoa virá de Feira de Santana, na Bahia, para receber os papéis, aproveitando que vai passar alguns dias em Fortaleza.

Como não consegui os documentos, decidi ir para encontrar a pessoa e pegar algum telefone de contato. Tudo que eu possuía era uma singela descrição. Ele me disse assim: “Olha, é fácil. Ela é branquinha, mais ou menos da nossa altura, quer dizer, por volta de 1,70m e 1,75m, nem magra, nem gorda, mais ou menos 29, 30 anos e com cabelos pretos na altura dos ombros”. O detalhe principal, segundo ele: “ela tem a maior cara de Mariana, pra combinar com o nome mesmo”. Viu como ficou fácil agora?

Não sei bem se era complô do universo ou a velha Lei de Murphy, mas parece que todas as mulheres com cabelos curtos e na altura dos ombros resolveram desembarcar em Fortaleza. Branquinhas e tudo mais. E enquanto muitos aguardavam com papéis de identificação, eu estava lá sem placa alguma, pois havia saído de casa com pressa. Sem papel e sem nunca ter visto a pessoa, eu ficava o tempo todo contando com a sorte...

A minha sorte é que sempre fui um observador nato. Sempre gostei de ficar observando mesmo, então era só uma questão de esperar que os anos de treino tenham servido para alguma coisa. Depois de meia hora em pé, esperando alguém com “cara de Mariana” e pensando em ter que abordar todas essas mulheres sem parecer um maluco, ela chegou.

Cheguei, perguntei e acertei em cheio. Conversei, peguei número de telefone, fiquei de entregar os documentos na recepção do hotel e agradeci bastante pela ajuda, em nome do meu grande amigo, de capacidade de descrição inigualável, de verdade. Na hora de ir embora, enquanto olhava para os lados, ela ainda me perguntou: “Com tantas moças parecidas comigo, como você conseguiu acertar?”.

- Ah, é porque só você tem cara de Mariana...
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sábado, outubro 08, 2011

Namorar

Eu sei que já escreveram muita coisa sobre isso eu não pretendo revolucionar nada, nem tentar mudar a cabeça de ninguém. Eu vou agora dizer o que pude aprender recentemente. Coisa simples, palavras também, mas com sentimentos tão fortes e profundos que me fazem querer compartilhar tal reflexão.

Esses dias eu comecei a refletir sobre o ato de namorar. Namorar não é só firmar compromisso verbal com alguém, não, vai muito além. Namorar é um estado de espírito. Constante. Delicioso. Namorar é a conquista diária, o flerte, a corte. É tentar conquistar a mesma pessoa cada vez mais. Não é uma guerra, não, é um jogo de amar e ser amado. De querer ser uma pessoa melhor.

Quando começamos a namorar e gostar de alguém, de verdade, a gente fica um pouco menos egoísta. Aquele último biscoito do pacote não é mais tão importante, você prefere vê-la comendo, feliz. O mesmo acontece com aquele lugar na janelinha do táxi, ônibus ou avião. Você nem se importa tanto com essas besteiras. Se a outra pessoa fica feliz, tá tudo bem. Você faz questão de querer o melhor para a namorada, sempre.

Em minhas andanças antes de encontrar com ela, faço tudo para lhe conseguir um sorriso com um presentinho. Pode ser um chocolate, uma flor, um coração feito de papel, um sorriso e um abraço apertado... Muitas vezes tenho vontade de levar um cachorrinho que vi pelo caminho, ou mesmo um neném bem fofo ou um velhinho bem simpático só para dizer: “Olha, amor, que coisa linda!”. Em muitas ocasiões eu fiquei com uma vontade gigantesca de arrancar o fim de tarde só para levar para ela e lhe dar de presente.

No entanto, namorar não é esquecer-se de si, nada disso. É aprender a se valorizar e ser valorizado também. É aprender a gostar de si. E gostar mais ainda de estar com alguém que, só pela simples presença, lhe faz tão bem. Mesmo que não se consiga explicar, porque melhor, e bem melhor, do que ficar tentando explicar tanto sentimento bom é aproveitar ao máximo esse estado de espírito e essa companhia tão boa...
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