Traduzindo

quarta-feira, setembro 26, 2007

O Sujeito

O Sujeito

Ele parece que vai Cair.
Mas só balança, balança.
Tão lúcido quanto um bêbado.
Tão inocente quanto uma criança.

E ele parece tão Perdido.
Vai prum lado, vai pra outro.
Está dançando, está bailando.
Nem se estressa com o sufoco.

E ele parece tão Ausente.
Olha pra lá, olha pra cá.
Parece que deixa o corpo - e a mente,
Manda ir passear.

E ele parece tão Sozinho.
Um olhar perdido, um jeito manso.
Parece sempre em descanso,
Deixando acumular pedras no caminho.

E ele parece tão Alegre agora.
Está entre amigos.
Está com a família.
E ele sabe que essa é a melhor hora.

E ele parece tão Apaixonado - coitado
Um suspirar quando ela passa.
Sorrindo mesmo com a desgraça
De por ela não ser notado.

E ele parece tão Feliz.
Abraça a todos.
Beijo pra algumas.
Parece tudo como sempre quis.

E ele parece Menino novo
De tudo acha graça.
Pra ele não existe estorvo.
De tudo faz piada.

E ele parece passarinho.
Música pra ele é natural.
Só não tente prendê-lo.
Isso só termina mal...

E ele continua Branquelo
E ele continua Sonso
E ele continua Magrelo
E ele continua Risonho
E ele permanece Aéreo
E ele ainda tem Sonhos
E ele ainda se faz de Tonto
E continua Estranho
E ele parece Ótimo!
E permanece o Mesmo.
E ele continua tão Normal.
E ele continua Vivo!
E já não é o Mesmo.
E ele é pura Contradição.
Ele continua um Aprendiz.
E ele aprendeu a dizer Perdão
Ele quer saber quem sabe Amar
Porque um dia ele quer Aprender
Porque ele deu folga pro Coração
Ele nem pensa no Amor agora
E sabe que o Mundo dá voltas
Ele sabe que o Destino é criança arteira
E quer viver Mais ainda
Ele não quer parar pra Pensar
E sabe que precisa Parar
Ele dispensa as Algemas
Ele já pensou em Fugir
Ele resolveu Lutar
Ele conhece o amargo da Derrota
Ele já Venceu outras vezes
Ele sabe que Tudo vai melhorar
Ele descobriu que tão Cedo não vai parar
Ele sabe que Não está só
Ele sabe que a vida é Bela
Ele continua fazendo Caminhos
Ele segue Errando e Acertando
E ele continua Feliz!
E sem pensar em mudar...

E ele ainda sabe
Que pode morrer de escrever
Nada nele vai mudar
Ele sabe como pensa
E como costuma agir
Mas ele é Contraditório
Sabe que pode mudar
E caso isso aconteça
Tomara que Ele perceba

terça-feira, setembro 25, 2007

O tempo não afasta

Quem sou eu? Deixe-me pensar um pouco... Aviso logo, preciso escrever. Quem puder parar de ler é melhor parar agora. Sinto muito, mas eu preciso escrever. É uma necessidade. É algo que está na cabeça e precisa sair, precisa ir embora. Ir embora antes do bar fechar, antes do mel acabar, antes da gota delirante tocar o chão, ante do sol se pôr, antes de fechar os olhos e perder a razão...

Bom, está tudo escuro. O chão é duro. Escuto coisas estranhas. Pessoas querendo, ou melhor, tentando falar algo. Um raio ilumina tudo. Todos com cabelos e barbas grandes (será que é alguma manifestação da esquerda?), vestidos com pele de animais.Tenho uma clava na mão, ou será um tacape? Bom, é uma arma. Meu Deus... é a Pré-história. Sou um homem das cavernas.

Saio pra caçar em grupos e vivo a minha curta vida perigosamente. Sou feliz. E tu está lá também. Mesmo naqueles tempos teu cabelo é liso e negro, negro não como a asa da graúna, mas como a noite que chega quando o sol vai deitar. A vida é curta para a gente, para todos. A morte chega de forma rápida, ninguém aqui vive muito. A partida é algo natural. Estamos de volta ao escuro.

E de repente fez-se a luz. Eu sou poeta. Minha arma é minha palavra. Roupas estranhas, não menos que as companhias. Faço poemas épicos, engrandeço reis, apresento heróis e tenho minha musa, filha do Rei. Faço poemas de amigo. São para ti, não se engane. E o rei começa a enganar o povo. E eu começo a espalhar a desordem, o povo está furioso. Cabeças vão rolar e a minha foi a primeira apenas para implantar o terror entre os dissidentes. E mais uma vez eu volto para a escuridão.

Meus olhos mais uma vez estão abertos. É abafado aqui. Difícil mover o corpo. Tenho uma lança e um cavalo. Uma armadura também. Minha vida é lutar. Sou cavaleiro, fiel ao Rei e à Rainha. Meu corpo e alma são devotados ao reino. Meu coração é da camponesa que todos os dias passa pelo estábulo e me lança um olhar que paralisa. Enfrento exércitos de assassinos, de selvagens. Mas na hora de falar com ela minhas pernas tremem. Ainda consigo. Mas o nosso rei obedece ao papa. Agora irei fazer parte das Cruzadas. Morte aos infiéis. Eu vou, mas meu coração fica. A inevitável, enfim, chega. Vou feliz por estar lutando, mas triste por não ter vencido a batalha contra meu coração.

Minha nossa, que luz é essa que chega e ilumina tudo. Será a luz do Senhor? Não, deixe pra lá. É o brilho do ouro. Sou um sultão. Aproveito a vida como ninguém. Tenho mil mulheres. Riquezas que não têm fim. Mas algo inesperado acontece. Das mil mulheres quero apenas uma. E por querer apenas uma é que irei morrer. As outras não se contentam com a boa vida que lhes dou. Sou traído. Bebo algo antes de deitar e parto para um sono profundo e sem fim

Ah, agora sou índio. Vivo pelado pintado de verde num eterno domingo (isso é uma música?). Sou feliz. Tenho minha família. É a minha tribo. Ainda sou amigo do homem branco. Estou com a vida boa. Caçar, pescar, colher, comer, dormir. O que eu quero mais? Falta ela (sim, é você ainda). A filha de um homem branco poderoso. É meu amigo. Não tenho que me preocupar. Temos um caso. Sou índio, mas não burro. Podemos nos encontrar escondidos. Seu pai nada diz, mas ele já sabe. Até que um dia ele me chama pra conversar. Tudo vai bem. Ele diz não ser contra, apesar de todos falarem que é. Eu acredito nele. Vou indo embora. Meu coração parece que vai explodir. Mas o que explode mesmo é o tiro que recebo nas costas...

Mais uma vez vou embora. Nossa, calor de novo. Onde eu estou? Que roupa de couro é essa? E esse chapeuzinho engraçado? Espingardas e facões. Rapadura e farinha. Eita... lá vem confusão.

Sertão, aí vamos nós. O capitão manda e nós obedecemos. Ele e a Maria dele. O Diabo Loiro também comanda. Vamos seguindo, fazendo saques e matando gente. Morre um a gente substitui por outro. Somos imortais e invencíveis. Não há coronel ou polícia que nos segure. Falta algo... Acho que fiz besteira. Matei um casal de velhos. Eles tentaram me matar, me confundiram com algum bandido. E agora quem vai tomar conta da filha deles? Acho que eu posso fazer isso. Ela já não é menina, é mulher. Ela é teimosa. Briga e reclama demais. Quer lutar com a gente. Onde já se viu? Mal chegou e já acha que agüenta o combate. Eu tenho medo de dar uma arma pra ela e ela atirar em mim. Mas o capitão mandou a gente obedece. Ela até que não é mal. Eita, só mais essa ação e nós damos um tempo pra curtir. Podem estremecer, macacada, vocês tão perdidos... Perdidos ficamos nós. Era uma emboscada. Mais uma vez de volta ao escuro.

Gritos. O que será isso? Passo a mão no rosto. Barba e cabelos grandes. Pré-história de novo? Roupas justas. Arma. Cangaço de novo? Gritos novamente. Algo como “luta”, “companheiros”, “Araguaia”... Ah, sou guerrilheiro. Gostei. Vamos à luta. Humm... quem é essa companheira do meu lado? Oi? Tudo bem? Você vem sempre aqui? Certo. Combinado. Depois da resistência ao ataque de hoje a gente conversa melhor. O quê? Vai me emprestar tua arma? Obrigado, vou usá-la com carinho. Opressores, tremei!... É, não deu. Dessa vez você se foi antes. Algumas balas antes.

Agora eu estou aqui. Sem armadura, sem armas, sem pinturas, sem roupas justas, de couro. Falta algo. Falta alguém. Falta Você...Tenho minha vida. Estranha e louca e simples vida. Minha família e amigos. Os rótulos eu deixo para os produtos. Eu sou vários e sou nenhum. Eu tenho tudo e tenho nada. Sempre em processo de desconstrução e construção. O final não combina com o texto, mas é porque certas coisas devem ficar no ar....

Posso pedir?

Era mais um fim de tarde. Nada planejado para fazer à noite. Acabou a aula antes das seis da tarde (por volta das cinco e meia) e ficou decidido que iríamos todos comer em alguma lanchonete. Como de hábito, foi só me sentar um pouco e começar a pensar em mil coisas, deixando o corpo no lugar e mandando o espírito passear.

O grupo era formado por cinco pessoas, eu e mais quatro. A garçonete chegou, nem reparei direito nela, apenas a escutei falando:
-O que vão querer do nosso cardápio? Querem provar alguma coisa antes de pedir?
Os outros rapidamente estranharam esse comportamento tão educado e diferente dos demais atendentes/garçons. Provar algo? E agora podia fazer isso?

Deixando as dúvidas de lado eles fizeram os pedidos: “Pode preparar quatro sanduíches simples”, disse um respondendo pelos demais. A moça anotou os pedidos, e ficou parada esperando pelo último pedido:
-E você? Vai querer provar o quê?
O que eu quero provar? Nossa, essa pergunta é muito complexa. Acabei pensando em besteira. E pensando alto demais.
-O Amor.

A garçonete ficou parada. Foi aí que eu realmente reparei nela. Ela continuava com os olhos fixos em mim. Rabiscou alguma coisa no papel e saiu. Nesse momento, os outros caras começaram a rir e a comentar. “Eita cara, dando em cima da menina na maior cara de pau”. “E tu não se agüenta né? Quer frescar com todo mundo...”. “Essa foi boa rapaz, tu não tem jeito mesmo”. “E depois eu sou o sem-noção que fica dando essas cantadas bregas”.

E enquanto todos riam – eu ria também sem saber se tinha dito aquilo para brincar ou se tinha dito com alguma seriedade – a garçonete voltou.
-Olha, é o seguinte: Os quatro sanduíches já estão sendo preparados e daqui a uns dez minutos eles estarão prontos.

Todos estavam sérios. Como a moça deu uma pausa para poder falar algo, o sorriso já começava a aparecer no rosto de alguns. E ela completou:
-E quanto a você – disse olhando pra mim com um rosto tranqüilo – o seu pedido não tem no nosso cardápio. [Dito isso os caras começaram a rir baixinho]. Mas se você puder esperar um pouquinho, disse ela com um sorriso, meu expediente termina seis horas. Depois disso a gente sai daqui e eu vou ver o que posso fazer pelo seu pedido...

Todos se entreolharam incrédulos enquanto eu me levantava e saia para esperar e ficar pensando, no meu pedido, e que por vezes pensar alto não é assim tão ruim...

segunda-feira, setembro 10, 2007

O coração, a malhação e a decisão, tudo ão.

E eu ando tão sem nada pra escrever que estou ficando mais ou menos preocupado. Tá faltando alguma coisa, falta eu escrever de novo. E então, a ispiração que eu estava perseguindo, apareceu diante dos meus olhos. Algumas vezes não é sobre coisa boa mas preciso escrever um pouco.

E enrolo tanto que eu já estava até esquecnedo sobre o que eu ia falar mesmo. Agora complicou um pouco, a idéia/frase/palavra/conceito é arteria demais, bobeu um pouco ela foge e nem sei se volta mais. Eu enrolo demais pra escrever, mas o que eu disse é verdade.

Acabei vendo uns escritos e queria falar deles. Dum coração que parece estar quebrado, do barulho cada vez mais forte saindo daquela caixa de som que vez por outra chamamos de peito, das mão ficando geladas, das pernas ficando fracas. E isso acontece em situações boas e ruins, se é que existe isso. E eu lembrei duma música de forró que dizia que "cristal quebrado não cola jamais, sonhos feridos não curam não sai, melhor esquecer não volto atrás, baby eu juro te amar nunca mais...". o que eu quis dizer com isso? Nem sei, mas lembrei de outra música: "Vontade de ti já passou, vontade de vida ficou, me envolvo comigo, pois sou meu melçhor amigo, então Não vou te dar meu coração, pois cada pedaço de alma que chora baixinho merece perdão...". Apenas lembrei.

O coração é de vidro? Quebrou e não cola mais? Então seus problemas não acabaram... Não, ainda não inventaram, e se o fizeram não me disseram, remédios para esse tipo de dor. Não há ponte de safena que dê jeito. Não tem dieta de colesterol que ajude. Sempre me dizem, e sempre mesmo e isso ja´tá ficando chato, que o melhor remédio é o tempo, vou mais nem falar disso.

E ás vezes, sem mudar de assunto, você leva um golpe tão forte, que parece qeu seu coração quer sair ou vai parar na barriga. E se o meu for parar na barriga eu tenho medo do meu estômago ser tão ácido quanto meu humor que eu deixo escondido [muitas vezes só pra mim]. E ter meu coração derretido, desfeito. Não tem preço. E o coração mesmo sendo músculo não fica treinado com exercício. Ele só se fortalece/enfraquece na batalha diária - ou em drops- da vida real. E não, você não pode mudar de canal. Mas pode escolher ser telespectador/público passivo ou ativo de sua vida. Como sempre diz o sábio Capitão Planeta: O poder é de vocês!

=]

terça-feira, setembro 04, 2007

Três pra um - terceiro do final

O Tempo
presente
já já
é passado
o tempo
futuro
sem ser
planejado
precisa de uma
atenção
um cuidado
não pode deixar
ele assim
tão jogado
é bom
que tu pense
com muito carinho
como vai construir
o seu próprio
caminho...
=]

Três pra um - segundo do meio

e agora, tudo
tudo que
eu quero
é uma mão
uma mão
de ajuda
mas não
qualquer uma
tua mão
no rosto
pescoço
no resto
do corpo
tua ajuda
pra mim
é fundamental
me traz alegria
afasta o mal...
teus olhos
me seguem
iluminam o caminho
traz paz
pro meu peito
já tão conturbado
te digo:
o tempo passou
parou o moinho
as águas cessaram...
mas não tem problema
começamos de novo
achamos outro rio
criamos um caminho

Três pra um - primeiro de começo

Leve fazer
leve? o quê?
leve a hora
embora é agora
embora? senão
o peso melhor
pesado? ir
pesar... embora
leveza acabar
trazer como?
de volta com tudo
querer começar
poder de novo
melhor tem mais
fazer--------futuro